Os Erês ou Aṣerè fazem parte das religiões afro-brasileiras, mas muito pouco
se diz sobre eles, por isso ofereço esta pagina aos Erês ou Aṣerè.
Babá Jimmi, (nigeriano)
Sosni - No culto do Oriṣá africano, o iniciado tem um Erê (criança) como aqui no Brasil?
Babá Jimmi - Na África não se incorpora Oriṣa, ele se manifesta no Elegun (Ex.: Elegun de Ogun,
Oxun, etc), já a manifestação de Erês passa a ser parte exclusiva do culto
afro-brasileiro.
Sosni - O que é Elegun?
Babá Jimmi - Elegun (Elégùn) é a palavra que exprime o conceito dos
"iniciados" nas religiões de matriz africana e afro-descendente,
inerente ao culto do Oriṣá.
No Brasil é
chamado de Candomblé.
É
aquele que passou pela iniciação, Feitura de santo ou iniciação ketu, sujeita ao transe de possessão.
Sosni - Esta criança é parte do Oriṣá ou é uma divindade a parte?
Babá Jimmi - África não se cultua Erê, cultuamos Ibeji. (não existe
incorporação).
Sosni - Se o orixá é cultuado na natureza, onde fica este Erê?
Babá Jimmi - Esse tipo de culto é diferente do africano.
Sosni - Por que todos os historiadores famosos como Fatumbi nunca
fizeram uma única nota sobre Erês?
Babá Jimmi - Por que na África se cultua Igbeji e não Erês.
Sosni - Quem são os Erês?
Babá Jimmi - Na África seria Abiku, Ebé ou Igbeji e não está
relacionado ao culto de Oriṣàs.
Tata Matamoride, (Brasileiro)
Sosni - Como surge o Erê no culto afro-brasileiro?
Tata Matamoride - O Erê pertence unicamente ao culto Brasileiro
vinculado ao Oriṣá
africano, pois sabemos que a nação de Angola foi a primeira a incorporar o Erê
dentro do candomblé batido no Brasil. Ainda sem dados exatos pela dificuldade
de material registrado, mas observando o comportamento percebemos que o Erê foi
gerado pela necessidade da própria religião e adaptado pelos demais cultos
afro-brasileiros para auxiliar nos rituais.
Longe do seu país os africanos sofreram influência oral e religiosa de vários
povos, pois naquela mistura de culturas houve quase o que vemos hoje em dia nas
casas de candomblé, que recebem fundamentos, mas estão distantes do seu país de
origem, mantendo uma tradição viva. Sendo assim para ajudar na prática e ritual
o Erê foi de grande importância para os rituais no Brasil. O culto do Brasil é
uma religião à parte da África.
Sosni - Qual a necessidade do Erê?
Tata Matamoride - A função do Erê dentro do culto se fez pela
necessidade de orientar o Oriṣá nos rituais adaptados. Claro que foi muito bem
elaborado para esta adaptação, pois está claro que nossos oriṣas
surgem da matriz africana, mas, são tratado e cultuado de forma a parte da tradição
deles.
Sosni - Existe algum ritual praticado para Erês?
Tata Matamoride - Observe as vestimentas seguem, ainda, influência
do primeiro e segundo reinado, nossos sacerdotes queriam dar o melhor ao vestir
os santos com o costume da época, o que se mantém até hoje nas saias rodadas,
bombachas, capacetes e coroas. Apesar de que alguns babalorixás exageram nas
vestimentas, lamentável de se ver nos candomblés e nações do Brasil.
Tais costumes mantiveram-se na tradição dos templos e foi por meio da quitanda
de Erê (candomblé de Angola), igbas para Erê (roupas coloridas e com enfeites)
que os Erês se espalharam para os demais candomblés.
Sosni - Mas onde moram estes Erês? são divindades?
Tata Matamoride - O Erê é o mensageiro do Oriṣá, porem, não chega a ser uma divindade. Observe
que nas casas de Angola levantam-se devidos Igbas para o mesmo, com
características e formas para cada Erê. Mas nem todos iniciados possuem Erê,
apenas os rodantes no santo, que por sua vez, são batizados com um nome
especifico. Por não pertencer ao mundo dos Orisás o Erê habita um mundo
diferente, mais distante dos espíritos, pois ele é uma entidade distinta dos
cultuados na Umbanda.
Resenha Erick Wolff8
Sabemos que o Erê ou chamado Aṣerê não é a manifestação do Orisá com postura infantil, apesar estar provado existir
um grande vinculo entre ele e o Orisá, estando presente no orí do elegun que
pertence ao ritual afro-brasileiro.
Então quem são os Erês ou Aṣerès? Os encontramos em toda casa de nação, mas não existem referências literárias que explique.
Há inúmeras teorias sobre o tema. No entanto, a maioria não deixa clara a sua
origem.
De acordo com Baba Jimmi não existem Erês na áfrica como os cultuados aqui. Já
o Tata Matamoride que explica a origem dos Erês e o ritual que os envolve,
afirma que eles são brasileiros e que não se trata do Orisá com postura
infantil em momento algum.
Longe da definição de ser o próprio Oriṣá manifestando sob o feitio meio abobado e
descontrolado, para descansar a matéria antes do Elegun acordar, o Erê ou Aṣerè é um mensageiro do próprio Oriṣa
dentro das nações,
para que ele seja a fala do santo e o aprendizado do filho para a preparação
dos rituais e danças que exercem grande função dentro do ritual
afro-brasileiro.
Há quem completa que a função dos Erês e Aṣerès serve para trabalhos manuais que o
elegun desempenha durante o transe.
Mas devemos levar em consideração o poder e força que o Oriṣá possui, sendo assim levanta-se a
duvida da consciência
ou poder que o Oriṣá
pode exercer sobre o cavalo de santo durante a manifestação do erê ou chamado aṣerè.
Ao citar entidades não podemos imaginar que seria um espírito, afinal durante o
ritual do Oriṣá
não
se manifestam espíritos
e se houver logo é
despachado, o mesmo deve ser mantido fora do culto. Indo além devemos observar que alguns Iyawos
também
estão
atracados com os contra-eguns e não podem virar em espíritos por isso descartamos logo a hipótese de
entidades encantados.
O sacerdote moderno se preocupa tanto com o resgate da cultura africana que
deixa passar simples detalhes. O Aṣerè sempre deverá se manifestar logo após a presença do Oriṣá na religiões praticadas no sul, sendo
impossível o Aṣerè se manifestar sem a passagem do oriṣá primeiro.
Em outras culturas afro-brasileiras, o culto difere em rituais e fundamentos, e
para o Erê assim chamado pela maioria das casas de candomblé, levantam
assentamentos e tratamento separados, ficando encarregado de acostumar o elegun
para o ritual e chagada do orixá, pois a sua função passa a ser primordial para
o desenvolvimento do iniciado. E na maioria das casas não existe necessidade do
Oriṣá
passar primeiro, podendo o Erê virar antes do santo algumas vezes.
Mas onde mora a energia desta divindade a qual mencionamos e vemos
constantemente nos rituais?
No orùn deve haver um espaço rompido onde os homens esqueceram-se de estudar.
Onde habitam esses seres e a maioria ignora ou desmerece sua importância? Sabemos
que o Aṣerè ou Erê tem poder ser trazer as vontades e trazer muitas
mensagens do próprio
oriṣá,
algumas distorcidas, mas existe um elo grande entre o oriṣá e o Aṣerè, que deve ser respeitado.
Lapidar esta energia e estudar a sua fonte é algo que me desperta curiosidade.
Sabendo, por suposição, que os Oriṣás ao se manifestarem retiram da memória do filho o seu conhecimento
durante o período
que esteve no mundo, o Aṣerè possui poderes relativos, pois muitas vezes ele
trabalha horas a fio sem cansar a matéria e não deixa vestígios da sua
passagem, principalmente dentro de uma nação trata como tabu a chegada do
santo. Essa falta de contato entre os cavalos de santo e o Orixá dificulta
muitas vezes a pesquisa, pois se não podemos contar que o santo chegou também
não temos como provar ou estudar a veracidade do assunto.
Tirando a utilidade braçal dos Aṣerès nos serviços da casa, acredito que a sua presença é dispensável, pois a divindade (Oriṣá) não deixa vestígios ou matérias cansadas mesmo depois após dançar
horas à frente do tambor. Sendo assim, a chegada do Aṣerè poderia se resumir apenas aos dias de serão (obrigações onde tem muitas tarefas depois do
orô).
Se pensar novamente que o Aṣerè é uma fragmentação do Oriṣá então ele poderia chegar a qualquer momento dentro
de uma casa nagô, mas isso não ocorre, existe como disse um certo ritual para a
sua presença, logo ambos estão unidos e após ele trabalhar, o Oriṣá se manifestas passando pelo corpo do
cavalo novamente levando o Aṣerè e deixando o filho. Então quebra-se novamente a tese da
divindade única.
Pois bastaria ele ir sem a passagem novamente do oriṣá.
Os Erês do candomblé recebem nomes ligados ao Oriṣá do iniciado: Pipocão e Formigão, para os filhos de Obaluaiê; Pingo Verde e Folhinha Verde, para
os de Oxóssi; Rosinha (flor), para os de Oxum; Conchinha Dourada para um de
Yemanjá, por exemplo.
Aṣiwère –
louco, idiota, estado de transe onde o elegun se porta como uma criança.
Abiku na Religião Yorùbá, acredita-se que: são crianças que terão
passagem curta pela terra, ou seja, não viverão por muitos anos.
Nas religiões afro-brasileiras existe ainda uma explicação que diz: os Abiku,
se constituem numa sociedade de espíritos, onde a regra é vir à Terra
(encarnar) mas viver apenas por um curto período. Sabe-se que antes de encarnar
o espírito se compromete com a comunidade dos Abiku, a qual pertence, de voltar
o mais rápido possível, estabelecendo, inclusive, data e hora. Existem ebós
para quebrar esse pacto do espírito com a sociedade dos Abiku, permitindo
assim, que o espírito viva por mais tempo na Terra. Na terra dos yorubás,
acredita-se que quando nasce um Abiku significa que a família tem dívidas
espirituais a pagar. Por isso, o nascimento de uma criança que necessitará de
muitos cuidados espirituais para evitar sua morte prematura — o que sempre é um
sofrimento para os pais. Assim como o nascimento de gêmeos, Igbeji é uma grande
honra e uma grande alegria para a família, o nascimento de um Abiku é sinal de
problemas e de preocupações. Esses espíritos pertencem ao egbé Abiku e não a um
egbé da terra. Por isso sua forte ligação com o orun e sua necessidade de
sempre tentar voltar ao seu egbé, o que pode causar a morte prematura da
criança entre o primeiro e o sétimo ano de vida.
Igbejis são divindades gêmeas infantis, é um Oriṣá duplo e tem seu próprio culto, obrigações e iniciação dentro do ritual.
Criança Na umbanda apesar de grande semelhança, estamos falando de
espíritos que não tem vinculo com o candomblé, cada pessoa tem como uma das
entidades espirituais que recebe um espírito infantil, as crianças.
As Tobossis são Voduns infantis, femininas, de energia mais pura
que os demais Voduns. Pertenciam à nobreza africana, do antigo Dahome, atual
Benin. Eram cultuadas na Casa das Minas, em S.Luiz/Maranhão, até a década de
60.
As Tobossis gostavam de brincar como todas as crianças e falavam em dialeto
africano, diferente dos Voduns adultos, o que dificultava muito entendê-los.
Sem contar que, muitas das palavras elas falavam pela metade.
Babá Jimmi, (nigeriano)
Otunba Adekunle Aderonmu / Babalawo Ogun
Jimi
http://www.princeadekunle.com
Naturalizado brasileiro nasceu em Abeokuta, na Nigéria.
è formado em Bioquímica na Universidade de Lagos e é considerado Otunba (Rei) em
seu país, devido a herança de família nobre e tradicional, com rei e
autoridades no atual governo da Nigéria.
Em nosso país ele vive há cerca de duas décadas, desenvolve atividades
empresariais e, além disso, é sacerdote religioso.
Tata Matamoride, (Brasileiro)
Sacerdote de candomblé, respeitadíssimo pela luta em prol as religiões
afro-brasileiras, vem trabalhando para informar as necessidades e problemas da
comunidade para os políticos brasileiros.
Diretor do site http://www.portaldocandomble.pro.br